Olá amigos,
Gostar de fotografia envolve muitas facetas. Obviamente que uma das principais é fazer fotografia, mas é também ver fotografia, e aprender com a fotografia de outros fotógrafos. Isso só enriquece a nossa cultura fotográfica.
A faceta de ver e aprender com outros fotógrafos, passa por ver muita fotografia de diferentes fotógrafos, com abordagens variadas, através de livros ou exposições fotográficas, esta ultimas onde temos hipóteses de ver fotografias impressas em dimensões maiores, o que lhes dá um realce difícil de atingir em outros meios de visualização.
Vem esta introdução a propósito de uma exposição fotográfica que vi recentemente no CCB, e que aconselho a todos visitar, pois estará em exposição até ao dia 21/06/2020. Refiro-me à exposição Deeper Shades Lisboa e Outras Cidades do fotógrafo austríaco Andres H. Bitesnich.
Sendo um fotógrafo especialista em retratos de nus, nesta exposição traz-nos uma faceta diferente da sua fotografia, a Fotografia de Rua (Street Photography) onde nos oferece uma visão muito pessoal de várias cidades que visitou, sendo Lisboa uma das últimas que mereceu a sua atenção.
Como refere a folha de sala, a fotografia de Andreas Bitesnich não pretende representar o real, ou ser circunstancial ou contemplativo, é sim um trabalho de recorte de pequenos pedaços da cidade, e dos seus habitantes, reinterpretando-os através de fotografias predominantemente monocromáticas, de elevado contraste, e muito densas na sua forma pictórica.
Para mim que gosto de fotografia a preto e branco (P/B), gosto de Fotografia de Rua, e gosto de fotografar Lisboa, havia um interesse acrescido em ver como outro fotógrafo com gostos semelhantes aos meus, fotografou as cidades, em particular Lisboa. Como interpreta as cenas que se lhe deparam, como as compõe, qual o ‘feeling’ que as suas fotos nos provocam.
Sem me alongar sobre as fotos de outras cidades, que aliás seguem o mesmo padrão das fotos de Lisboa, posso dizer-vos que gostei muito da exposição, sobretudo as fotos de Lisboa, talvez porque são as que estão em maior número, mas também por me identificar mais com o local.
E o porquê de ter gostado ? Porque tive oportunidade de ver uma abordagem diferente da que eu costumo ter, apesar de estarmos a falar de fotos a P/B, e de Lisboa.
Os motivos fotografados, sendo alguns deles muito semelhantes aos que tenho fotografado, têm contudo a preocupação de ter um enquadramento, uma luz, um ‘feeling’ que combina muito bem com o tipo de edição escolhida, um P/B contrastado, com grão, ao estilo dos famosos filmes ‘noir’ do cinema antigo.
A busca em fotografar logo de manhã, com ruas desertas, ou à noite com a luz artificial dos candeeiros, dos automóveis e montras, potencia o ambiente sombrio mas apelativo das suas fotos.
O balanceamento entre fotos de rua e retratos de rua também está presente na exposição, porque a cidade não são só ruas com imoveis e monumentos, são também as pessoas que as habitam, mas sempre retratadas dentro do mesmo padrão sombrio, sem ser triste ou frio.
Gostei porque consegui ver ‘os meus locais’ com outros olhos e isso espicaça a nossa veia criativa, relembra-nos que o mesmo local, os mesmos motivos, podem sempre ser fotografados de maneira diferente, e serem na mesma fotos interessantes.
Apenas para aguçar o apetite, deixo-vos aqui algumas das fotos da exposição, que eu registei com o meu telemóvel, que é uma óptima ferramenta para guardarmos ‘esboços fotográficos’ para mais tarde consultar.
Meus amigos, logo que a crise do corona vírus permita, aconselho a quem goste de fotografia a visitar esta exposição e descobrir outro olhar sobre as cidades, em especial sobre Lisboa.
Espero que gostem da sugestão, e até ao próximo post.
Beijos e abraços.