
Hoje vou abordar um tema que tem muito de subjectividade, mas também curiosidade, ou seja, tentar perceber como há fotos que se destacam versus outras que são ‘apenas’ boas fotos.
E para servir de suporte a algumas das ‘regras’ que vou descrever, e que empiricamente são consideradas importantes para destacar a composição, vou usar uma foto que fiz há mais de 12 anos, altura em que ainda fotografava muito por instinto, sem muita preocupação sobre as ‘regras’ que irei abordar a seguir.
A foto chama-se ‘Sob tempestade’ e, como podem ver, retracta dois pescadores, num fim de tarde, quando se aproxima uma tempestade.
Quero chamar a atenção que ponho ‘regras’ entre aspas porque na fotografia não há regras rígidas, apenas orientações que podem ajudar a melhorar, ou não, a foto.
Escolhi esta foto, não porque tive a preocupação de usar uma que ‘encaixasse’ nas ‘regras’, mas antes uma foto que foi premiada num concurso de fotografia realizado pela Camara de Cascais em 2009. Se ela foi destacada, não por mim, mas por um júri de um concurso, então vale a pena estudá-la para tentar perceber os motivos do seu destaque.
Para isso vou usar algumas das tais ‘regras’ empíricas que nos ajudam a fazer grandes fotos.
– Simplicidade – Diz-se que, quanto mais simples for a foto, mais forte ela pode ser. No caso da foto, ela é simples porque tem poucos elementos relevantes. Apenas os dois pescadores, e uma tempestade que se aproxima com o Sol a rasgar a nuvens. Não temos mais elementos distractivos.

– Foto equilibrada – Dizemos que uma foto está equilibrada quando os elementos relevantes da foto não se encontram todos ‘encostados’ a um lado da foto deixando o outro lado algo vazio. Como vemos na divisão que fiz, verificamos que o lado esquerdo é quase um espelho do lado direito, ou seja, está perfeitamente equilibrada. Como disse, normalmente não é preciso seguir este rigor no equilíbrio mas, neste caso, a imagem proporcionava-se a este enquadramento equilibrado.

– Regra dos terços – Uma velha ‘regra’, que já vem dos tempos da pintura, e que diz que os elementos relevantes da imagem devem ficar sobre as linhas que formam uma grelha com nove espaços iguais. Como vemos acima, a foto não obedeceu exactamente ao que diz a ‘regra’ mas não ficou muito longe, estando os dois pescadores próximos das linhas verticais, e o Sol quase sobre a linha horizontal superior. As ‘regras’, como disse, devem servir apenas de orientação, que é o que acontece neste caso.
– Perspectiva – Todos sabem que a fotografia é uma representação bidimensional do mundo tridimensional. Cabe ao fotógrafo tentar representar essa tridimensionalidade na foto, e isso consegue-se através da perspectiva. Essa perspectiva foi criada na foto dando realce ao tamanho dos pescadores em primeiro plano (ocupam quase a totalidade da altura da foto) versus o Sol que se encontra lá longe no horizonte. Se compararmos o tamanho de um homem versus o tamanho do Sol, nem tem comparação, contudo na foto os homens são ‘maiores’ do que o Sol. É esta perspectiva que cria a profundidade da foto, a sua tridimensionalidade.
– Contraste Claro /escuro – O uso do contraste entre as zonas mais claras e mais escuras de uma foto tem como efeito transmitir mais calma quando esse contraste é suave ou, pelo contrário, criar um ambiente de tensão quando o contraste é mais acentuado. No caso da foto o elevado contraste entre o Sol brilhante a rasgar as nuvens e os perfis escuros, quase silhuetas, dos pescadores criam um clima de tensão, propicio a quem quer documentar a aproximação de uma tempestade.
– Capturar o momento – O saber esperar pelo momento certo para fazer o registo e assim potenciar a história, é um elemento essencial para uma grande foto. Associado ao momento deve-se ter a preocupação de o ‘encaixar’ na moldura da fotografia, usando algumas das orientações que referi acima. Na foto em análise, além de todos os aspectos de enquadramento que já falei, houve a preocupação por esperar o momento em que o Sol apareceu na nesga entre as nuvens e o horizonte. Podia não ter aparecido, e as nuvens taparem até ao horizonte o que, mesmo seguindo todas as ‘regras’ anteriores, sem aquele momento do Sol a brilhar, nunca conseguiria uma foto com o impacto que esta tem. Ainda bem que apareceu !!
Recapitulando, as ‘regras’ não são para seguir à risca e, por vezes, se as quebrarmos até conseguimos fotos espectaculares, contudo é sempre bom tê-las no nosso baú de recursos para nos ajudarem a fazer a foto que se destaca.
Meus amigos, estas e muitas outras orientações para fazermos grandes fotos são abordadas nos Workshops de Fotografia que a Photofinders promove. Se queres desenvolver os teus conhecimentos nesta área, procura aqui no site, na pagina das ofertas, e assinala que estás interessado nas nossas acções de formação para rapidamente as pormos em prática.
Espero que o post tenha sido útil e desperte a vossa curiosidade, e até ao próximo.
Beijos e abraços.
Cursos: quando houver estou interssado. Um abraço
Caro Luis,
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Jorge